Dólar cai a R$ 5,40, de olho em dados de inflação e no julgamento de Bolsonaro; bolsa sobe

Julgamento encerra o dia com dois votos para condenar Jair Bolsonaro e outros sete réus que compõem o núcleo central da trama do golpe
O dólar fechou em queda de 0,53% nesta quarta-feira (10), cotado a R$ 5,4068. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou em alta de 0,52%, aos 142.349 pontos.
Os investidores reagiram aos dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos, enquanto aguardam as próximas decisões sobre juros. No campo político, o foco se voltou para mais uma fase do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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▶️ Nesta quarta-feira, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi o terceiro a votar no julgamento envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus. Ele defendeu a anulação de todo o processo, alegando que o STF não teria competência para julgá-los.
No entanto, a percepção no mercado é de que a condenação de Bolsonaro é praticamente certa. A preocupação é que a decisão possa provocar novas reações negativas por parte do governo dos Estados Unidos.
▶️ Ainda no Brasil, o IBGE divulgou os dados da inflação referentes a agosto. O IPCA registrou queda de 0,11% no mês, após uma alta de 0,26% em julho. No acumulado de 12 meses até agosto, a inflação ficou em 5,13%. Os números vieram menores que a esperada pelo mercado, que apontavam para uma queda mensal de 0,15% e uma taxa anual de 5,09%.
Com a inflação desacelerando, o Banco Central encontra condições mais favoráveis para começar. Isso melhora o ambiente para os investidores e ajuda na queda do dólar. Apesar do resultado positivo, especialistas recomendam cautela (veja mais abaixo).
▶️ No cenário internacional, o Índice de Preços ao Produtor (PPI) de agosto dos EUA foi publicado hoje. O índice subiu 2,6% na comparação anual, abaixo da alta de 3,3% esperada por economistas. Na comparação mensal, o índice caiu 0,1%, contrariando a estimativa de alta de 0,3%. Os resultados também reforçam a expectativa de corte de juros nos EUA.
▶️ Falando sobre a inflação americana, o presidente Donald Trump comemorou os resultados recentes e voltou a pressionar por uma redução na taxa de juros. Paralelamente, o Senado americano aprovou, por 13 votos a 11, a indicação de Stephen Miran — um dos principais conselheiros econômicos da Casa Branca — para integrar o Federal Reserve (Fed), o BC americano.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,11%;
Acumulado do mês: -0,28%;
Acumulado do ano: -12,51%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,18%;
Acumulado do mês: +0,68%;
Acumulado do ano: +18,38%.
Julgamento de Bolsonaro
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quarta-feira (10) o julgamento da chamada trama golpista. Após os votos do relator, o ministro Alexandre de Moraes, e do ministro Flávio Dino, que votaram pelas condenações dos réus, hoje foi a vez do ministro Luiz Fux.
Nesta quarta-feira, Fux descartou o crime de organização criminosa, votou pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos demais sete réus da acusação do crime de organização criminosa, e defendeu a nulidade da ação penal por entender que o STF não é a corte adequada para julgar o caso.
“A Constituição da República delimita de forma precisa a restrita a hipótese que nos cabe atuar originariamente no processo penal. Trata-se, portanto, de competência excepcionalíssima, tal atribuição aproxima o Supremo dos juízes criminais de todo o país”, afirmou Fux.
O ministro ainda mencionou que a imputação do crime exige mais do que reuniões, a pluralidade de agentes e a existência de um plano delitivo.
Luiz Fux foi o terceiro ministro a votar no julgamento sobre tentativa de golpe de Estado. Até o momento, o placar está 2 a 0 pela condenação de Bolsonaro e aliados.
Em meio a isso, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse ontem que o governo de Donald Trump está disposto a “usar meios militares” para “proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo” em referência a uma eventual condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
No entanto, a porta-voz disse também que, no momento, “não há nenhuma ação adicional” contra o governo brasileiro.
A Embaixada dos EUA no Brasil repostou a fala de Leavitt.
Sem citar os EUA, o Itamaraty publicou uma nota condenando “o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força” contra a democracia brasileira.
IPCA de agosto
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, aponta que os preços caíram 0,11% em agosto, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A inflação teve uma desaceleração no mês passado, já que o resultado ficou 0,37 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de 0,26% de julho. Ainda assim, o resultado ficou abaixo da expectativa do mercado, que apontava uma queda de 0,15% na inflação de agosto.
Com os resultados de agosto, o IPCA acumula uma alta de 5,13% nos últimos 12 meses. O resultado permanece acima da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%. Em 2025, os preços já subiram 3,15%.
Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval, explica que os principais recuos de preços ocorreram nos grupos de alimentação em casa e itens administrados. “Vale destacar a deflação em carnes vermelhas, arroz, feijão, ovos, aves, e itens in natura, como batata-inglesa, tomate e cebola.”
Apesar de a desaceleração da inflação ser um fator importante para que o Banco Central inicie a redução da taxa básica de juros (Selic), Cardoso ressalta que o momento ainda exige atenção.
“Este resultado reforça a necessidade de cautela por parte do BC e não altera nossa perspectiva de juros em 15% e inflação em 4,9% no final deste ano.”
Inflação nos EUA
Nesta quarta-feira, o Departamento do Trabalho dos EUA mostrou que o Índice de Preços ao Produtor (PPI) subiu 2,6% em agosto na comparação anual, abaixo da alta de 3,3% esperada por economistas consultados pela Reuters. Na comparação mensal, o índice caiu 0,1%, contrariando a estimativa de alta de 0,3%.
Desconsiderando os componentes mais voláteis, como alimentos e energia, o chamado núcleo do PPI teve alta de 2,8% em relação ao ano anterior, também abaixo da expectativa de 3,5%.
Após a divulgação, o presidente dos EUA, Donald Trump, reiterou seu apelo para que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, corte as taxas de juros de referência.
“Recém divulgado: Sem inflação!!! ‘Tarde demais’ precisa baixar a TAXA, MUITO, agora mesmo. Powell é um desastre total, quem não tem a mínima ideia!!!”, disse Trump em uma publicação no Truth Social.
Indicado de Trump para o Fed avança
Em meio às discussões sobre Trump, inflação e juros, Stephen Miran — um dos principais conselheiros da Casa Branca — deu mais um passo no processo de aprovação no Senado dos Estados Unidos nesta quarta-feira. Com isso, está mais próximo de ocupar uma posição de destaque no banco central americano.
A nomeação fortalece os esforços do presidente Donald Trump para influenciar diretamente as decisões sobre os juros e o funcionamento da instituição.
O Comitê Bancário do Senado aprovou a indicação de Miran por 13 votos a 11, com cada partido votando de forma unânime: republicanos a favor e democratas contra.
Apesar do avanço, parlamentares dizem que ainda não está claro se o processo será finalizado a tempo de Miran participar da próxima reunião do banco central, marcada para os dias 16 e 17 de setembro.
Se confirmado, Miran se tornaria mais uma voz próxima das ideias de Trump dentro do banco central. O presidente Trump tem pressionado o atual líder da instituição, Jerome Powell, ao longo do ano para que os juros sejam reduzidos.
Miran se somaria a outros dois integrantes do banco central indicados por Trump em seu primeiro mandato. Na última reunião, esses dois membros defenderam a redução dos juros e se posicionaram contra a decisão da maioria de mantê-los entre 4,25% e 4,50%.
Durante a audiência da semana passada, Miran não deixou claro se é favorável à queda dos juros, mas disse que a inflação parece estar perdendo força e que os impostos sobre produtos importados não devem mudar esse cenário — uma visão que favorece medidas mais suaves por parte do banco central.
Bolsas globais
Em Wall Street, o S&P 500 e o Nasdaq atingiram recordes nesta quarta-feira, depois que dados de inflação mais mornos do que o esperado reforçaram a tendência de corte de juros. O salto nas ações da empresa de computação em nuvem Oracle também contribuiu para os ganhos.
O Dow Jones Industrial Average caiu 0,48%, para 45.490,92 pontos, o S&P 500 subiu 0,31%, para 6.533,06 pontos, e o Nasdaq Composite avançou 0,03%, para 21.886,06 pontos.
As bolsas europeias fecharam em sua maioria com baixa: o STOXX 600 caiu 0,01%, o DAX da Alemanha perdeu 0,39%, e o FTSE 100 do Reino Unido teve baixa de 0,19%. O CAC 40 da França, por outro lado, teve leve alta de 0,15%.
Por fim, os mercados asiáticos fecharam em alta, com destaque para as bolsas da China e de Hong Kong. Os investidores reagiram positivamente aos dados de inflação, que mostraram sinais de recuperação na indústria chinesa, indicando que os esforços do governo para conter a queda de preços estão surtindo efeito.
No fechamento, os principais índices asiáticos registraram ganhos: o Nikkei, do Japão, subiu 0,9%; o Hang Seng, de Hong Kong, avançou 1,01%; o índice de Xangai teve alta de 0,13%; e o CSI300, que reúne grandes empresas chinesas, subiu 0,21%.
Cotação do dólar mostra menor confiança na economia brasileira devido a gastos e dívidas do governo
Jornal Nacional/ Reprodução
*Com informações da agência de notícias Reuters