Dólar cai abaixo de R$ 5,40 com dados de inflação e emprego nos EUA; bolsa avança aos 143 mil pontos


Trama golpista: julgamento volta com voto de Cármen Lúcia
O dólar iniciou a sessão desta quinta-feira (11) em alta, mas logo virou para queda. Por volta das 11h30, a moeda americana recuava 0,35%, cotada a R$ 5,3880. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, avançava 0,85%, aos 143.562 pontos.
As atenções dos investidores estarão divididas na sessão de hoje. Do ponto de vista econômico, novos dados sobre a inflação nos Estados Unidos foram divulgados e devem influenciar as expectativas em relação a possíveis cortes na taxa de juros.
No campo político, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro — e a possibilidade de sua condenação e possíveis retaliações do governo americano — continua no radar dos investidores.
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▶️ Nos EUA, foi divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI) referente ao mês de agosto. O indicador registrou alta de 0,4% em relação ao mês anterior e acumulou 2,9% no ano. Apesar de o resultado ter superado as expectativas dos economistas, ele não tem afastado as apostas de que os juros serão reduzidos (veja mais abaixo).
▶️ Seguindo nos EUA, na semana encerrada em 6 de setembro foram registrados 263 mil novos pedidos de seguro-desemprego — o número representa o maior volume de solicitações iniciais desde 23 de outubro de 2021. O resultado superou a leitura revisada da semana anterior, de 236 mil, e ficou acima da expectativa dos analistas, que projetavam 235 mil novos pedidos.
🔎 Com sinais de inflação sob controle e um mercado de trabalho dando sinais de fraqueza, cresce a expectativa de que os juros nos EUA possam cair. Isso torna o dólar menos atrativo para investidores, enquanto países como o Brasil, com juros ainda altos, acabam atraindo mais capital estrangeiro. Esse movimento ajuda a valorizar o real e contribui para a queda do dólar por aqui.
▶️ Falando em juros, o Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa em 2% pela segunda reunião seguida, após tê-la reduzido pela metade ao longo de um ano. A decisão foi tomada porque a inflação na região se aproximou da meta de 2%.
▶️ No Brasil, o foco está em mais uma etapa do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado. O voto da ministra Cármen Lúcia está previsto para começar a partir das 14h.
▶️ Além disso, economistas consultados pelo Ministério da Fazenda para o relatório Prisma Fiscal de setembro projetam um déficit primário de R$ 69,99 bilhões para 2025, ligeiramente melhor que os R$ 70,88 bilhões estimados antes. Para 2026, a previsão piorou: déficit de R$ 81,83 bilhões, ante R$ 81,06 bilhões.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar

a
Acumulado da semana: -0,11%;
Acumulado do mês: -0,28%;
Acumulado do ano: -12,51%.
📈Ibovespa

Acumulado da semana: -0,18%;
Acumulado do mês: +0,68%;
Acumulado do ano: +18,38%.
Julgamento de Bolsonaro
A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), apresenta o quarto voto no julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados por participação na tentativa de golpe de Estado em 2022.
A sessão será retomada nesta quinta-feira (11) e está marcada para começar às 14h.
Já há maioria para condenar o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-ministro da Casa Civil Braga Netto pelo crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O voto da ministra poderá ser decisivo para o placar em relação a outros réus.
Depois do posicionamento de Cármen, será apresentado o último voto, o ministro Cristiano Zanin. A ordem segue a antiguidade no STF. Zanin vota por último por ser o presidente da Primeira Turma.
Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, destaca que o volume de negociações no Brasil está influenciado pela expectativa em torno da sentença final do julgamento de Jair Bolsonaro.
Ele lembra que, ontem, o ministro Luiz Fux apresentou uma posição diferente dos demais, sugerindo a absolvição parcial ou total. No caso de Bolsonaro, por exemplo, Fux avaliou que não há provas suficientes para justificar uma condenação.
Além disso, o ministro considerou que a Corte não tem competência para julgar o caso. Ainda assim, o mercado acredita que Bolsonaro será condenado.
“A expectativa é que, até amanhã, já haja clareza sobre a sentença, sobre quantos anos de pena eles podem receber e outros detalhes. A dúvida que permanece é: após a decisão, como será — e até que ponto pode piorar — o relacionamento entre os Estados Unidos e o Brasil?”
CPI acima do esperado
Segundo o Departamento do Trabalho dos EUA, os preços ao consumidor subiram mais do que o esperado em agosto, e o avanço anual foi o maior registrado em sete meses.
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) subiu 0,4% em agosto, após alta de 0,2% em julho.
No acumulado de 12 meses até agosto, o índice avançou 2,9%, o maior aumento desde janeiro, superando os 2,7% registrados no mês anterior.
A expectativa de economistas era de uma alta de 0,3% em relação a julho e de 2,9% no comparativo anual.
O resultado do CPI pode intensificar preocupações com uma possível combinação de inflação alta e economia fraca, especialmente após dados negativos sobre o mercado de trabalho.
O impacto das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump tem sido gradual, mas os preços podem subir nos próximos meses, já que muitas empresas já utilizaram os estoques anteriores às tarifas.
Apesar do resultado do CPI, a expectativa é que os dados não devem impedir o corte de juros aguardado pelo banco central americano na próxima semana, diante da fragilidade do mercado de trabalho.
“A inflação mostra certa persistência e dificuldade de estabilização, mas, apesar de o número não ser positivo, isso não deve mudar a expectativa dos investidores de que o Fed vai cortar os juros na decisão marcada para 17 de setembro”, avalia Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Para o especialista, embora os riscos para a inflação continuem altos — devido às tarifas de importação aplicadas pelo governo Trump, à desvalorização do dólar ao longo do ano, que encarece os produtos importados, e à redução do fluxo migratório, que limita o crescimento da força de trabalho e torna o mercado mais restrito — os números da inflação neste ano estão abaixo das previsões de economistas e analistas.
“Por outro lado, os sinais de desaceleração da atividade econômica, que também preocupam, já começam a aparecer com mais clareza nos dados e indicadores”, reforça.
Bolsas globais
Em Wall Street, os principais índices de ações abriram em alta nesta quinta-feira, depois que a última leitura da inflação manteve o banco central dos EUA no caminho para cortar sua taxa de juros na próxima semana.
O Dow Jones subiu 0,19% na abertura, para 45.577,09 pontos. O S&P 500 avançou 0,34%, para 6.554,41 pontos, enquanto o Nasdaq Composite teve alta de 0,42%, para 21.977,52 pontos.
Na Europa, os mercados começaram o dia em alta, com os investidores atentos à decisão do banco central europeu sobre os juros. O clima é de expectativa, e os negócios seguem com variações moderadas entre os principais países da região.
Às 8h45 (horário de Brasília), o índice geral da Europa, STOXX 600, subia 0,29%. Em Londres, o FTSE avançava 0,47%; em Paris, o CAC-40 ganhava 0,90%; em Milão, o FTSE/MIB subia 0,43%; em Madri, o Ibex-35 tinha alta de 0,14%; e em Lisboa, o PSI20 valorizava 0,18%. Já em Frankfurt, o DAX recuava 0,16%.
Na Ásia, os mercados fecharam com resultados mistos. Na China, o otimismo com avanços em tecnologia, especialmente inteligência artificial, impulsionou os índices, apesar de preocupações com possíveis restrições dos EUA a medicamentos chineses.
O índice de Xangai subiu 1,65%, enquanto o CSI300, que reúne grandes empresas chinesas, avançou 2,31%. Em Tóquio, o Nikkei teve alta de 1,22%. Já em Hong Kong, o Hang Seng caiu 0,43%. Outros destaques incluem Seul (+0,9%), Taiwan (+0,09%), Cingapura (+0,22%) e Sydney, que registrou queda de 0,29%.
Cédulas de dólar
bearfotos/Freepik
*Com informações da agência de notícias Reuters

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