China deixa de comprar soja dos EUA, e agricultores veem Brasil como principal ameaça


Agricultores colhem soja
REUTERS/Enrique Marcarian
Os agricultores de soja dos Estados Unidos enxergam o Brasil como a principal ameaça à exportação do país para a China, segundo associações do setor.
Os chineses suspenderam as compras de soja dos EUA em maio. Em abril, a China impôs uma tarifa de 20% sobre o produto, em resposta às medidas comerciais adotadas pelo então presidente Donald Trump.
A safra atual dos EUA começou em setembro, e não houve vendas para a China até agora. O cenário tem rendido protestos dos agricultores norte-americanos.
A Federação de Fazendeiros dos Estados Unidos (American Farm Bureau Federation) informou que, entre junho e agosto, os EUA quase não venderam grãos para a China, enquanto o Brasil exportou cerca de 68 milhões de toneladas de soja no mesmo período.
“É um sinal de como a América do Sul passou a dominar o mercado e a substituir os produtores norte-americanos”, afirma a federação, que também destaca a Argentina como concorrente importante.
“As importações de soja da China não estão diminuindo; na verdade, atingiram níveis recordes. Mas a maior parte dessa demanda agora está sendo atendida por concorrentes”, acrescenta.
Em setembro, a Associação Americana de Soja cobrou o governo Trump por um acordo de comércio com a China e também apontou Brasil e Argentina como substitutos do produto norte-americano para os asiáticos.
“A China é a maior compradora de soja do mundo e nosso maior mercado para exportação. Os Estados Unidos não fizeram nenhuma venda da nova safra de soja para a China”, afirma a associação.
“Isso permitiu que outros exportadores — Brasil, e agora a Argentina — conquistassem esse mercado, em prejuízo direto aos agricultores dos EUA.”
Para tentar reduzir os prejuízos dos agricultores, o governo Trump deve anunciar nesta semana um pacote de ajuda ao setor. Segundo a CNN, o valor pode variar entre US$ 10 bilhões e US$ 14 bilhões.

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