Itaú Unibanco vê inflação de 3,50% em 2020 com viés de baixa e novo corte da Selic no radar
SÃO PAULO (Reuters) – A estimativa do Itaú Unibanco para o IPCA de 2020 contempla inflação abaixo do centro da meta e tem inclusive viés de baixa, depois de a alta dos preços em 2019 ter ficado acima do patamar central perseguido pelo Banco Central pela primeira vez desde 2016.
O banco prevê que o IPCA varie 3,50% em 2020, abaixo do centro da meta do governo, de 4,00%. Isso após o índice ter fechado 2019 com alta de 4,31%, acima dos 4,25% buscados pelo BC, depois de dois anos de taxas abaixo do centro da meta estipulada. [nL1N29F07X]
De acordo com Julia Araujo, economista sênior do Itaú, já neste mês de janeiro os preços das carnes –vilão do fim do ano passado– devem mostrar deflação, com a arroba do boi gordo estando na casa de 200 reais depois de ter superado 230 reais no fim do ano passado.
“A expectativa é parte dessas altas fortes do fim de 2019 se revertam em parte, o que, junto com a queda do dólar, nos faz adicionar um viés de baixa à nossa projeção (para o IPCA de 2020)”, disse Araujo.
O dólar (BRBY) caiu 5,37% em dezembro passado –maior baixa para qualquer mês desde janeiro de 2019, depois de em novembro ter disparado para perto de 4,30 reais e gerado temores de algum impacto mais visível sobre a inflação.
A economista do Itaú, porém, disse que mesmo em 2019 a inflação mais associada ao ritmo da economia –que considera serviços e bens industriais– ficou “bem comportada”, com alta de 2,9%, bem abaixo dos 4,25% do centro da meta, indicação de que não há pressões inflacionárias mais destacadas.
A previsão pelo Itaú de inflação abaixo da meta em 2020 corrobora expectativa do banco de novos cortes da Selic, que deverá terminar este ano em 4,00%, 0,50 ponto percentual abaixo do patamar corrente. A mais recente pesquisa Focus do Banco Central aponta juro básico de 4,50%, conforme mediana das projeções.
(Por José de Castro)